terça-feira, 17 de agosto de 2010

Trabalho infantil na Inglaterra,

Atualmente, na maior parte dos países desenvolvidos da Europa as crianças e adolescentes são em geral respeitadas em seus direitos: estudam, brincam e se preparam de forma adequada para a vida adulta. Mas nem sempre foi assim. Embora o trabalho infantil seja constante na história da humanidade, ganhou evidência a partir da Revolução Industrial, nos
séculos XVIII e XIX.
Segundo o historiador Thompson (1987, p.202-24) na Inglaterra, por exemplo, houve uma intensificação drástica da exploração do trabalho de crianças entre 1780 e 1840, período em que as transformações na produção estavam em curso, com a introdução do sistema de fábrica. Crianças trabalhavam nas minas de carvão e nas fábricas, “(...) quase todas doentias, franzinas, frágeis, além de andarem descalças e mal vestidas. Muitas não aparentavam ter mais de 7 anos”, escreveu um médico, sobre as que trabalhavam em uma fábrica em Manchester.
As jornadas eram longas, tanto quanto as dos adultos, variando de 12 a 15 horas diárias. Os salários eram muito baixos, apenas um complemento para a pequena renda familiar; e as fábricas, sujas, escuras, mal ventiladas.
Embora o trabalho infantil não fosse novidade já nessa época, segundo Thompson (1987) a diferença entre o que era antes realizado, no âmbito familiar, e o sistema fabril, é que este último herdou as piores feições do sistema doméstico, numa situação em que não existiam as compensações do lar, utilizando o trabalho de crianças pobres, explorando-as com brutalidade tenaz.
Isso pode ser evidenciado nos Relatórios dos Comissários de Trabalho Infantil, resultantes de
investigações determinadas pelo Parlamento Britânico em 1833:
O presente inquérito reuniu (...) uma grande quantidade de provas sobre os diversos aspectos das condições das fábricas, que exercem importante influência na saúde dos trabalhadores, adultos e crianças. Nas fábricas (...) [o ambiente] é sujo; mal ventilado; mal drenado; sem banheiros ou vestiários; sem exaustores para a poeira; [há] maquinária solta (...).
Disso resulta:
Que as crianças empregadas em todos os ramos de manufatura do Reino trabalham o mesmo número de horas que os adultos;
Que os efeitos de trabalho tão prolongado são: a deterioração permanente da constituição física; a aquisição de doenças incuráveis; a exclusão (por excesso de fadiga) dos meios de obtenção da educação adequada;
Que, na idade em que as crianças sofrem prejuízos com o trabalho, elas ainda não são emancipadas, sendo alugadas e seus salários recebidos pelos pais ou responsáveis (Documentos parlamentares ingleses, apud São Paulo, 1978).
O fato é que, a despeito da opinião dos ricos, que consideravam as crianças trabalhadoras nas fábricas “ativas”, “laboriosas” e “úteis” (sendo afastadas dos parques e pomares), os anos de 1830 a 1840 foram de intensa agitação operária pela melhoria das condições de trabalho e redução da jornada, tanto dos adultos quanto das crianças.
Comitês pela Redução da Jornada foram criados, “encorajando a dignidade (...) e explicando o valor da educação para os não-instruídos”. O movimento de apoio às crianças operárias cresceu e ganhou adeptos em outros setores da sociedade. Thompson, na condição de historiador e cidadão inglês, conclui sua análise dizendo que “a exploração das crianças, na escala e na intensidade com que foi praticada, representou um dos acontecimentos mais vergonhosos da nossa história".

2 comentários:

  1. Olá , Meu nome é Laura , tenho 12 anos , gostei muito desse texto , me ajudou muito em um trabalho de escola que eu tive ! Muito obrigada .. Beijooos !

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  2. Oi, meu nome é Amanda, tenho 11 anos, e sua matéria me ajudou muito no meu trabalho sobre "Trabalho infantil no Brasil e na Inglaterra" que tive que fazer para inglês. Muito obrigado, e espero que seu blog cresça cada vez mais, e que você poste cada vez mais matérias boas que ajudam as pessoas. Beijos, fique com Deus. :*

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