Manuel Bandeira (Petrópolis, 1921)
Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
– Eh, carvoeiro!
E vão tocando os animais com um relho enorme.
Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
(Pela boca da noite vem uma velhinha que os
recolhe, dobrando-se com um gemido)
– Eh carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles...
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se
brincásseis!
– Eh, carvoero!
Quando voltam, vêm mordendo num pão
encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como
espantalhos desamparados!
(Extraído de Manuel Bandeira, Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966, p.92-3)
Passam a caminho da cidade.
– Eh, carvoeiro!
E vão tocando os animais com um relho enorme.
Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
(Pela boca da noite vem uma velhinha que os
recolhe, dobrando-se com um gemido)
– Eh carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles...
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se
brincásseis!
– Eh, carvoero!
Quando voltam, vêm mordendo num pão
encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como
espantalhos desamparados!
(Extraído de Manuel Bandeira, Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966, p.92-3)
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